1.5.10

Capítulo 39

- O que... - A luz invadiu seu quarto. - Ah, Spencer. - Ela se levantou da cama.
- Você tem visitas. - Ela o olhou, ele parecia extremamente contrariado. Com um gesto ela o mandou embora do quarto, trocando de roupa e indo para a sala, onde Amy e Oliver a esperavam.

Não estava nem um pouco surpresa, sabia que eles viriam, só não esperava que viessem tão cedo.

- Onde você estava? Te procurei por toda a parte ontem à noite.
- Fui arejar a cabeça.

Oliver bufou, ela era muito imatura. De esguelha, ele olhou para o outro homem ali. Ela nunca lhe dissera que tinha um namorado, mas ele não se importava, não fosse ele, nunca teriam entrado. Sienna seguiu seu olhar, até chegar a Spencer.

- Spencer este é meu parceiro, Oliver Stone. Stone, este é Spencer, meu irmão. - Ela fez alguns gestos vagos, denotando todo o tédio que a situação estava lhe causando. - E creio que você conhece Amy, certo? - Ela olhou o irmão.
- Não. - Ele sorriu para a inspetora e lhe estendeu a mão. - Muito prazer, Spencer Strife.
- Poupe seu charme de conquistador barato, Spencer. Eu já te conheço.

Sienna deu uma risada baixa, Spencer parecia ter sido acertado por um soco inglês.

- Spence, esta é Amy Ambrosio, você se lembra dela, nossa vizinha.

Ele logo se recompôs.

- Me desculpe, você parece diferente.
- Todos aqui se conhecem? - Oliver parecia confuso.

Amy falou desta vez, fazendo um sinal para que todos se calassem.

- A minha família e a família Strife eram vizinhas, meu pai era o empresário da mãe de Sienna e Spencer e nossas famílias eram amigas. Mais tarde, Sienna e eu estudamos no mesmo colégio e só.
- Exceto que eu e Spencer éramos populares. Spencer era bonito e eu era capitã da torcida, Amy era uma geek qualquer.

Amy a fuzilou com o olhar.

- Uma geek qualquer, mas que nunca precisou mentir para ser aceita. Eu conheço seu passado, Sienna. Óculos, cabelo preso, aparelho nos dentes e Nietzsche.
- Você insiste nisso! Não menti, apenas não berrava aos quatro ventos como você fazia quando tirava A.

Amy havia se levantado, agora as duas gritavam.

- Você tirava notas baixas em matemática! Só não levava bomba para não sair da torcida!
- E você virava noites e noites debruçada nos livros só para dizer para todos que era melhor que eu! Qual o seu problema comigo, afinal?
- Você transou com o meu namorado! E me pergunta o problema? Você me humilhava todos os dias na escola, pregava peças em mim e transou com o meu namorado! Tudo isso e por que, hein?

Oliver e Spencer se entreolharam, assustados. Não esqueciam que Amy tinha uma arma na cintura.

- Porque se o seu pai não tivesse marcado aquele show nos Estados Unidos meu pai estaria vivo até hoje! Você fez da minha vida um inferno, eu fiz da sua o mesmo!
- Você acha que meu pai ficou contente com isso?
- Claro que não, ele perdeu a transa dos fins de semana e a fonte de renda dele!
- Não fale assim do meu pai, sua vagabunda!

Amy a esbofeteou e Sienna revidou, antes que as coisas piorassem, Oliver e Spencer a separaram.

- Eu não vou trabalhar com ela! - Amy apontou para a ruiva.
- Foda-se, não preciso de você pra nada!

Sienna se soltou do aperto de Oliver e entrou no quarto novamente, falando antes de sair:

- Quero ela fora da minha casa.

Oliver suspirou e pediu a Amy que se acalmasse.

- Eu vou falar com ela e fazê-la recobrar a razão. E Amy, não fique magoada com o que ela disse, nem você nem seu pai foram culpados pela morte dos meus pais.

Com isso, ele saiu e entrou no quarto da irmã.

Capítulo 38

Cigarro nos dedos, ela caminhou para fora do prédio. Estava cansada, com fome e decepcionada, mas voltar para casa e ter que aguentar Spencer estava fora de cogitação. Ela tragou e inspirou a fumaça lentamente enquanto andava pela rua. Ao passar pela café, viu Amy sentada.

"Veja só se não é uma sorte!", agora tinha a chance de fazer mais alguém infeliz.

Sienna entrou na loja e correu para se sentar na mesa que Amy estava.

- Olá.

Amy tentou se levantar, mas Sienna foi mais rápida e a puxou de volta para a cadeira.

- Vamos lá... São quase dez anos desde que nos falamos pela última vez!
- Poderia ter sido mais.

A inspetora estava contrariada, queria ir embora imediatamente, mas Sienna não a deixaria em paz.

- Continua fumando?

Sienna lhe deu um olhar divertido.

- E alguma vez eu parei? - Depois de algum tempo, ela falou novamente. - Continua estudando feito louca e agindo feito um robô?
- Talvez, não é da sua conta de qualquer jeito.
- Hm, parece que aprendeu algumas respostas novas. Depois que parou de usar óculos tudo ficou mais fácil, não? - A ironia era explícita em seus olhos, Amy percebeu isso.

As duas se entreolharam. Apesar de insistir, Sienna não tinha muito o que falar. Faziam nove anos desde que se viram pela última vez, na festa de formatura, e as duas não pertenciam ao mesmo universo na escola. Pensando nisso, Sienna soltou seu braço e assistiu Amy deixar o lugar rapidamente.

Ela saiu logo depois, desligando o celular, sabia que Stone estava querendo falar com ela, mas ela não queria conversar com ele agora. Tomando a sua decisão, ela fez sinal para o táxi mais próximo.


Às quatro horas da manhã ela tentava achar a chave extra, jurava que havia deixado do lado do vaso de planta, mas a chave não estava lá. Ela bateu com força na porta, esperando que Spencer a abrisse para ela.

Quase derrubara a porta e nada de Spencer abrir a maldita. Ela gritou por ele e estava decidindo se deveria ou não arrombá-la quando ele a abriu.

- Enna.
- Sai da frente.

Ela passou direto pela sala e tropeçou em Nietzsche. O gato miou alto, mas ela continuou sentada no chão.

- Você está bêbada?

Ela olhou para Spencer, o irmão não tinha mudado absolutamente nada. Enquanto ela... Ela suspirou e tentou se levantar, se apoiando na mesinha de centro.

- Não. - Conseguiu dizer antes de quase cair novamente, suas pernas pareciam não a obedecer. Ele a pegou no colo e a levou para a cama.
- Você não mudou nada. - ele sorriu para ela. - Boa noite, Sienna.

"Mudei sim", precisava se convencer disso.