17.5.10

Epílogo

Amy a olhou atravessado.

- Temos mais coisas a fazer, eu vou mandar uma equipe revistar a casa do culpado e procurar pelos pertences das vítimas. Oliver, quer ir conosco?
- Espere. O que eram os números?

Sienna pensou um pouco.

- Provavelmente correspondiam às letras dos nomes delas. Ou a xingamentos, podem até mesmo ser os problemas de saúde que tinham, verei isso mais tarde.

Ele a olhou e segurou Amy, pela mão. Sienna o encarou, sabia o que ele ia fazer, não quis ficar na sala para ver aquilo, apenas pegou sua bolsa e saiu. Quando ela bateu a porta, Oliver puxou Amy pela cintura, apertando-a contra si e a beijou. Não estava longe o suficiente para deixar de ouvir o palavrão que ela soltou antes de beijá-lo.

Ela chegou em casa, já era quase madrugada, largando seu casaco em qualquer lugar e pegando Nietzsche no colo, o gato ronronou.

- Ah, rapaz, que saudades eu tive de você. - Ela acariciou a cabeça dele e se sentou no sofá. - Teve um bom dia ou aquele malvado do Spencer anda te maltratando?

O gato miou em resposta e Spencer chegou na sala.

- Então era por isso que esse gato estava miando. Como foi com o seu serial killer?
- Bem, eu e a Barbie policial o pressionamos e fizemos ele perder o controle. O Oliver voltará com ele para os Estados Unidos, ele vai ficar lá em uma prisão. Livrei o mundo de um psicopata sádico. Eu deveria ganhar um prêmio.
- Ta, cala a boca, Enna. Escuta, a Amy ta saindo com alguém?

Ela explodiu em uma gargalhada.

- Meu Deus, ela tem todo esse sex appeal?
- Desembucha, Enna.
- Oliver. Ou pelo menos eu acho.

Ele ficou pensativo por alguns momentos.

- Eu sou mais bonito.

Ela bufou.

- Ah, cala essa boca, Spencer. Ainda tem o seu avião? Quero passar uns tempos em Paris.
- Vai fazer outro mochilão?
- Não, só para espairecer.

Ele pensou por alguns segundos, acariciava o gato distraidamente, ainda no colo da irmã.

- Boa ideia, podemos passar um final de semana em Paris e visitar a vovó na Escócia.
- Essa velha ainda está viva?
- Não devia desrespeitar a nossa avó, Sienna.

Ela caminhou até a geladeira.

- Ela nunca gostou de mim, disse que eu me parecia demais com a minha mãe. Papai era tão bonzinho, como essa megera velha pode ser mãe dele? - Abriu a geladeira e a olhou por alguns segundos. - Você comeu todo o meu sorvete de kiwi? Quem mandou você comer o meu sorvete?
- Eu te fiz um favor, aquilo era horrível.
- Que seja, eu vou dormir. Vamos para Paris amanhã?
- Claro.


Ela andava pelas ruas de Paris enquanto fumava o seu cigarro, Paris era mais bonita no inverno. Morrera de saudade de tomar um bom café sentada a poucos metros da Torre Eiffel. De fato, era para lá que iria agora, tomar um café olhando para Torre. Ela deixou Spencer no hotel, não fora para Paris para passar todos os dias enfurnada em um quarto de hotel como ele gostava de ficar.

Seu celular começou a tocar. Era Oliver.

- Achei que você gostaria de saber que Case foi condenado à pena de morte. E ele não fez questão de se defender. Confessou tudo. Ao que parece você e Amy causaram um belo choque nele.
- Por falar nela, e aí? Como se acertaram?
- Nós estamos... Bem.
- Que bom, talvez com um homem por perto ela deixe de ser tão amarga.
- Sienna, onde você está? Fui na sua casa te procurar e você não estava lá.
- Estou em Paris, vou descansar um pouco antes de voltar à Londres. Talvez eu volte a trabalhar.

Ele soltou uma exclamação.

- Me lembrei. Markus Petrovsky está feito louco atrás de você.
- Mande ele ir se danar por mim, Olly.
- Farei isso, tchau.
- Tchau.

Ela se sentou em uma mesa, retirando os óculos de sol e sorrindo para o garçom.

- Un café, s'il vous plaît.


Ele saiu e ela se virou para contemplar o monumento que era o cartão postal da França e, principalmente, de Paris. De repente um homem parou a seu lado, com um copo de café nas mãos.

- Avec licence, eu estava sentado aqui.

Ela olhou para o homem parado à sua frente. Uma beleza tipicamente francesa, cabelos e olhos negros, traços aristocráticos. Era uma visão. Ela sorriu.

- Sente-se. Importaria, caso eu continuasse sentada aqui?

Ele sorriu de volta.

- Absolument. Prazer, meu nome é Armand Tissou. - Ele estendeu a mão.
- Sienna Strife, é um prazer conhecê-lo. - Ela apertou a mão dele.

Talvez Paris ficasse ainda mais divertida. Talvez ela pudesse passar mais tempo em Paris do que pensava.

- Fim - 

Capítulo 49

Ele cuspiu no rosto da inspetora, ela recuou, de olhos fechados e bateu na parede. Sienna apertou a mão de Oliver quando ele tentou sair, ela segurou as duas mãos dele.

- Ela não precisa de você toda hora! Sossega e assiste essa merda, se eu tiver que te segurar de novo te amarro  nessa cadeira aqui, ouviu?
- Você não manda em mim, Sienna!

Ela arregalou os olhos quando ele gritou, mas não o soltou.

- Você vai arruinar o interrogatório dela, quer mesmo que ela te culpe por isso? Suas chances de sair com ela vão ficar bem mais reduzidas.

Ele suspirou e voltou a olhar pelo vidro. Ela já havia limpado o rosto e pressionava o rosto do médico contra a mesa.

- Quem tem o poder sou eu, Theo. Eu estou te segurando aqui! - Ela o pressionou com mais força, estava fora de controle

Sienna olhava a cena indiferente.

- Strife, vá até lá.
- O quê? Por quê? Eles estão se entendendo, olha!
- Se eu for lá vou fazer pior. Vá até lá.
- Se eu entrar lá ela vai fazer isso comigo! Não quero um rosto deformado.
- Strife, por favor.

Ela sorriu.

- Eu não acredito que eu vou entrar lá, você me deve um favor bem grande. - Ela respirou fundo e saiu, chegando na outra sala logo depois. - Olá, Theo, ocupado apanhando de uma garota?

Quando ela chegou na sala, Amy o soltou, empurrando a cadeira onde ele estava sentado para longe.

- Que bom que chegou, Strife. Eu estava dando as boas vindas da casa para o Theo. - Ele bufou. - Não posso te chamar de Theo? Na prisão será pior, você será só um número.
- Gosto de números. - E sorriu. - São lindos, místicos.

Milhões de palavras passaram pela sua cabeça em pouquíssimos segundos. Números, misticismo, características, personalidade, regência, constelações, numerologia. Números e letras. Só podia ser isso, como não vira a relação antes? Era tão idiota.

- Claro que gosta. eles são precisos, práticos assim como você acredita ser.
- Pena que ele não é nada disso.
- Tem razão Ambrosio, ele é tão patético. Todos os homens são, não acha? Sempre sedentos de poder...
- Mas sempre subjugados por nós, mulheres.

As duas caminharam até ele, quando o médico tentou se levantar, a inspetora o empurrou de volta.

- Não, não, Theo. Nós mandamos aqui.
- Vocês acham que mandam! - Ele cuspiu as palavras com nojo. - Sexo frágil. M-U-L-H-E-R. Número 3, frágil, sonhadora, otimista até demais. Pedantes, prepotentes. Vivendo uma ilusão de poder, como a que vocês têm! Só servem para nos servir na cama ou como troféus, de resto, são inúteis!
- Você realmente acha isso, Theo? Então o que você vai fazer comigo? - Sienna segurou o rosto dele com uma mão. - Vai me dar uma lição? Me estrangular até a morte como fez com as outras mulheres? Eu sou a prepotente aqui? E você? Tão cheio de si, nem pensou em pedir um advogado! O que você vai fazer comigo, Theodore? - Ela gritou.

Ele chegou o rosto bem perto do dela, suas bocas quase se roçando.

- Eu vou te mutilar viva, inscrever seus números, até você gritar, e quando você não aguentar mais eu vou enrolar um fio na sua garganta e ver você lutar por ar. Ver sua vida se esvaindo enquanto a resistência vai desaparecendo rapidamente.

Ela viu o brilho selvagem nos olhos dele e sentiu suas pernas tremerem, só se afastou quando Amy o algemou e o levou embora. Sienna se sentou e respirou fundo. Foi o que aconteceu com Mary Ann, ela sofreu daquele jeito. Pareceu que anos haviam se passado quando Oliver entrou na sala.

- Você está bem?

Ela olhou para cima e viu Amy entrar.

- Sienna, ele não te atingiu, atingiu?

Ela se levantou, suas pernas ainda tremiam, mas ela sorriu.

- Aquele babaca? Nunca. Agora se me dão licença, eu preciso escrever um artigo que me renderá uma boa promoção. Ah, esqueci, eu me demiti. - Ela parou e olhou para os lados. - Querem continuar aquela cerveja? Eu pago.