28.3.10

Capítulo 22

Ela chegou no antigo apartamento que, muito tempo atrás, dividiu com Dana. Já era tarde e não esperava ver a amiga em casa, a essa hora ela já estava no trabalho. Ela não queria assustá-la com aquilo, mas identificara uma das mulheres mortas cinco anos atrás. Embora a conhecesse com outro nome, mas na noite ninguém usava o nome de batismo.
No banho, continuava pensando sobre Gwen. Não, não era a Gwen. Era Mary Ann de acordo com a legenda na foto. Gwen/Mary Ann era uma das meninas do Red Sign, a boate onde ela e Dana trabalhavam. Mas nunca soubera que ela fora assassinada, apenas que havia sumido misteriosamente.
Quando ela sumiu, o dono do lugar se dispôs a procurar por ela, mas depois de uma semana sem resultados ninguém se importou mais, nem mesmo a própria Sienna. Pensara que Gwen tinha achado um lugar melhor para trabalhar, diferente dela, Gwen não tinha opções. Sustentava a mãe e estudava de dia, Sienna só estava curtindo a "loucura" da juventude, se aventurando sem dinheiro em um país estrangeiro. Ela só foi se lembrar de Gwen depois de ler as características de uma das vítimas, a tatuagem floral no tornozelo... Ela se lembrava.
A vida no submundo noturno era diferente da vida que já se acostumara na sua velha Londres. Ela fechou o chuveiro e se enrolou na toalha. Ela também não estaria segura investigando aquela matéria, sabia disso. Mas era o que mais lhe motivava a escrevê-la. Se vestiu e sentou na velha poltrona com o encosto quebrado, era incrível como ainda se lembrava do jeito correto de se sentar ali. Ela tirou o laptop da bolsa e começou a escrever o seu artigo, recorrendo à sua agenda eletrônica para se lembrar de pequenos detalhes.
Pensava também em Oliver Stone, estava preocupada que ele se recusasse a lhe passar mais informações e pistas, mas ela poderia ajudá-lo, afinal. Não que já tivesse descoberto um serial killer, mas ela via CSI, pelo amor de Deus. Era o tipo de mulher que aprendera alemão com 8 anos para ler aos originais de seu escritor favorito e homônimo de seu gato, Nietzsche.
Olhou para o relógio, agora já era quase meia noite e ela sabia que Dana não chegaria tão cedo, fumaria um cigarro e iria dormir.

Ela acordou às onze e se levantou para preparar seu café da manhã, Dana não acordaria até a hora do almoço e ela teria que esperar até lá se quisesse perguntar sobre Gwen, Mary Ann ou quem quer que ela fosse.
Não dormira bem, sonhara com os corpos mutilados a noite inteira. Ainda fritando os ovos, não podia parar de pensar neles. Imóveis, mutilados e denigridos.

- O cheiro está bom.

Dana vinha andando pelo corredor apenas de camiseta e roupa íntima, exibindo os longos cabelos loiros extremamente despenteados.

- Bom dia.
- Bom dia pra você também.

Ela se esticou por sobre a bancada e olhou os ovos mexidos.

- Vai ter bacon?
- Você sabe que não.

A loira contraiu os ombros.

- Perguntar não ofende.

Sienna apenas suspirou e se concentrou nas torradas. Colocando-as no prato junto com os ovos. As duas comeram na bancada, sem muito diálogo. Quando Dana ia voltar a dormir Sienna a gritou de volta.

- Você se lembra da... Gwen?
- Gwen? - Ela parecia pensar - Uma morena meio baixa?
- Isso!
- Claro que sim, o que tem ela? Virou burguesinha igual a você?
- Não, morreu. Você se lembra de alguma coisa?

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